A despedida é a melhor parte da jornada
Dependendo da perspectiva que se olha, é possível encarar a despedida como a melhor parte de um ciclo
Enquanto escrevo está tocando Enter Sandman (Metallica) no meu spotify
Para muitos a despedida é o momento mais triste, sofrido e dramático de uma jornada. Com certeza é um momento de muita emoção. Mas dependendo da ótica que se observa, a despedida pode ser a parte mais gostosa do caminho.
Comecei na Globo.com em meados de 2017 como desenvolvedor. Do primeiro dia até hoje trabalhei em um único projeto: Globoplay.
Para muitos o Globoplay é o melhor projeto para se estar na Globo. Não posso concordar nem discordar pois não trabalhei em outros projetos, mas com certeza vivi bons momentos enquanto trabalhei no produto e não me arrependo de nenhuma decisão (consciente ou inconsciente) que por mim foi tomada.
Muita coisa mudou ao longo destes 4 anos — tanto dentro quanto fora da empresa. Pessoas chegaram, pessoas saíram. O desenvolvedor virou líder. O líder se tornou arquiteto. O arquiteto virou gestor. O produto evoluiu. Os times aumentaram. A empresa se reorganizou.
Dos meus 4 anos de Globo, mais da metade foi à frente das decisões técnicas e arquiteturais do Globoplay assim como de gestão de pessoas. Não é trivial conciliar todas as responsabilidades de um arquiteto + líder técnico + líder de pessoas. Realmente não é fácil. Mas é super possível e extremamente recompensador.
Por conta de cada uma dessas responsabilidades, fui exposto à várias situações que me fizeram crescer como profissional e pessoa. Aproveitei os momentos de aprendizado para compartilhar o máximo possível com meu time. Procurei propositalmente tirar meus liderados da zona de conforto e expor cada um deles à situações que os fariam evoluir.
O caminho do aprendizado, da prática, do "sair da zona de conforto por opção" é com certeza o caminho mais difícil. A princípio é muito mais fácil e confortável não fazer nada, não evoluir e simplesmente colocar a culpa dos problemas no outro. Na empresa. No mundo. Porém, a saída da zona de conforto é, na minha opinião, o único caminho possível.
T. Harv Eker tem uma frase que eu adotei como estilo de vida e de liderança nos últimos tempos:
Se você tem um grande problema, isso quer dizer apenas que está sendo uma pessoa pequena.
A partir desta frase é possível derivar vários outros aprendizados:
O problema que você julga impossível resolver simplesmente delimita o tamanho do seu "EU" atual
Você é do tamanho dos seus problemas
Você é do tamanho daquilo que você reclama
Passe a resolver problemas maiores para evoluir como pessoa e profissional
Encare os problemas de forma a resolvê-los
Eu poderia continuar listando inúmeras frases como estas que servem simplesmente para demonstrar que o sucesso e consequentemente o fracasso de tudo o que você faz está na sua mão e é sua responsabilidade trabalhar para que o impossível aconteça.
Esse modelo mental e essa postura combinados com o comprometimento entre líder e liderado na busca da melhora do indivíduo é uma ferramenta muito poderosa. Isso passa a formar um pilar de busca de aprendizado e evolução constante que é fundamental na construção de uma equipe ou empresa de alta performance.
Foi com esse pensamento que vivi estes 4 anos de Globo.
Em uma despedida é inevitável pensar em tudo o que aconteceu. Quando olho para a trajetória na Globo, consigo ver que cada parte dessa jornada valeu a pena.
Cada momento. Cada formação de time. Cada desafio. Cada um desses trechos que compõe a história completa foram bem aproveitados, celebrados e hoje sou grato por ter a lembrança deles.
Esse sentimento de ter aproveitado cada "micro parte" da história é o que torna a despedida tão gostosa. Saber que foi tão bom que valeria a pena fazer tudo de novo. E de novo.
Mas a vida anda pra frente e foguete não tem ré. O ano de 2021 marca o fim do meu ciclo na Globo. Agora vou para um novo desafio, alinhado com meus objetivos de carreira no longo prazo e com meus hobbies. Levo comigo todos os aprendizados que obtive nos últimos anos, a responsabilidade de ter sucesso em tudo o que eu me proponho a fazer e o sentimento de que vivi ativamente cada uma das relações que construí na Globo.
Grato, André.